SELFIE & SELF?

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Fazer uma selfie virou moda. Aliás, mais do que isso, virou febre! Ninguém escapa, até o Obama.

Parece que vivemos na era dos smartphones, e com isso ficou mais fácil se popularizar, mostrar para o “mundo” quem é você, ou o que você quer demonstrar que é expondo tudo o que está fazendo. Pode ser algo especial ou simplesmente algo rotineiro, o que vale é se mostrar. No entanto, ao nos expormos em demasia, ocupamos um lugar muito vulnerável com grandes riscos de danos à vida pessoal.
Crianças e adolescentes são os que correm os maiores riscos. São pessoas cuja imaturidade os impede de avaliar a situação que será divulgada. Encontramos vários exemplos dos danos que podem ocorrer: cyberbullying, pornografia infanto-juvenil, perda de um emprego (empresas pesquisam o perfil dos candidatos) ou assaltos em residências.
Existem selfies de tudo. Já ouvi casos em enterros. Pergunto-me: qual é o limite? Até que ponto pode representar uma estratégia para lidar com a ansiedade perante a morte, a finitude? Não sei responder. De qualquer forma, me soa inapropriado, como escovar dentes à mesa de um restaurante.
Há pouco tempo, li em um jornal de grande circulação nacional que a moda dos selfies se estendeu; agora o que é up é a foto de si mesmo depois da transa. Ou seja, logo após a relação sexual, o casal puxa o smartphone, clica e publica na rede social com a hashtag #aftersex.
Fiquei reflexiva. Pensei… pensei… e perguntei: o que podemos entender dessa nova onda? O que leva as pessoas a abrirem mão de sua privacidade, numa exposição sem limites, ao compartilharem nas redes sociais toda sua rotina e intimidade?
Penso que estamos em um momento no qual a vida virtual se sobrepõe à vida real. Muitas pessoas por apresentarem grandes dificuldades de entrosamento interpessoal utilizam as redes sociais para criarem uma personagem, a fim de obterem reconhecimento, elogios ou curtidas que supõem não serem capazes de conseguir no mundo real. Uma baixa autoestima, um exagerado senso crítico de si mesmo, ou um quadro de fobia social são alguns problemas que podem estar por trás da ansiedade por visibilidade.
Não conseguir administrar a ânsia pelas selfies leva a outros problemas: grande ansiedade por curtidas e comentários, uma profunda frustração por receber algum comentário negativo, ou cair na indiferença. São situações que podem gerar uma perda de controle sobre si e das próprias referências, pois o que conta é o reconhecimento e a aprovação do outro. Ou seja, a pessoa só existe a partir da existência de um outro.
De tanto selfie, pode-se perder o self¹.

 

 

 

¹Self – “… entende-se por self aquilo que define a pessoa na sua individualidade e subjetividade, isto é, a sua essência. O termo self em português pode ser traduzido por “si” ou por “eu”, mas a tradução portuguesa é pouco usada, em termos psicológicos.” http://www.infopedia.pt/self-(psicologia)

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